A Faperr (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima) realizou na última segunda-feira, 19, a assinatura do termo de outorga da Iniciativa Amazônia+10, reafirmando o compromisso do órgão roraimense em promover a pesquisa e a inovação tecnológica na Amazônia Legal.
Lançado em novembro de 2023, o edital Expedições Científicas, que faz parte do programa Amazônia+10, aprovou quatro propostas de pesquisadoras de Roraima. Os projetos abordam temas como biodiversidade, documentação de patrimônio, a integração de saberes locais e mais. Confira:
- Inventário e documentação do patrimônio arqueológico de Roraima, da pesquisadora Ananda Machado – UFRR (Universidade Federal de Roraima);
- AquaInvert-Amazônia: integrando ciência e saberes locais para conhecer a biodiversidade de invertebrados aquáticos em áreas de altitude da Amazônia, da pesquisadora Vânia Graciele Lezan Kowalczuk – UFRR;
- Amazonian BioTechQuilombo – Biodiversidade Amazônica, Avaliação Tecnológica e Troca de Conhecimento com Quilombos, da pesquisadora Nivia Pires Lopes – UFRR;
- Geodiversidade e Biodiversidade da Serra do Acaraí, fronteira Brasil-Guiana, da pesquisadora Elizete Celestino Holanda – UFRR.
Amazônia+10 é oportunidade para fortalecer ciência local e saberes tradicionais de Roraima
Durante o evento, as pesquisadoras beneficiadas enfatizaram a importância do Amazônia+10 como uma oportunidade para fortalecer a ciência local, valorizar os saberes tradicionais e aumentar a visibilidade das riquezas naturais de Roraima.
“Nosso projeto trabalha com comunidades quilombolas em três estados: em Roraima, com grupos étnicos que buscam o reconhecimento como quilombolas, além do Pará e Amazonas. O objetivo é coletar dados sobre a biodiversidade da fauna e associá-los à preservação ambiental e ao patrimônio genético mantido pelas populações tradicionais, especialmente as quilombolas”, explicou a pesquisadora Nivea Lopes.
O projeto de inventário do patrimônio arqueológico de Horaimun visa localizar e georreferenciar sítios arqueológicos em colaboração com comunidades indígenas. “Serão realizadas oficinas de uso de GPS, fotografia, filmagem e mapeamento 3D, além de ouvir os sábios locais, que oferecem interpretações diversas dos reconhecimentos ocidentais desses espaços. Além disso, pretende-se publicar materiais bilíngues [macuxi, wapichana, taurepang] com imagens e relatos, promovendo a valorização e o reconhecimento desses locais ainda pouco conhecidos. Acreditamos que é necessário conhecer para respeitar”, afirmou Ananda Machado.
Na vertente de divulgação científica, o projeto AquaInvert-Amazônia investiga a biodiversidade de invertebrados aquáticos em áreas de altitude da Amazônia, com atuação em Roraima, Amazonas e Pará. “A proposta é identificar novas espécies em igarapés e integrar saberes científicos e tradicionais com a participação de comunidades indígenas. No estado, o material será traduzido para as línguas macuxi e taurepang, e haverá ações de divulgação científica tanto local quanto nacional, com apoio de uma equipe de comunicação e educadores indígenas. O objetivo é valorizar o conhecimento das águas e promover sua sustentabilidade”, destacou Vânia Lezan.
Por fim, o projeto Geodiversidade e Biodiversidade da Serra do Acaraí, na fronteira brasileira, combina conhecimento científico e saberes tradicionais da comunidade indígena Waiwai.
“Além de catalogar rochas, fauna e flora, o projeto avalia a qualidade da água utilizada pelas populações locais, ameaçada por atividades de garimpo e desmatamento. Também busca entender como a comunidade percebe a serra e sua relevância cultural. Com parcerias das Universidades Federais de Tocantins e de Rondônia, da USP [Universidade de São Paulo] e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, o projeto planeja realizar duas expedições de campo ainda este ano, além de encontros com a comunidade”, detalhou Elizete Holanda.
Durante o evento, estavam presentes o presidente da Faperr, Pedro Cerino, o diretor administrativo-financeiro, Beethoven Barbosa, o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli, e as equipes dos projetos aprovados.
Com a adesão ao programa, a Faperr reforça sua missão de fomentar a pesquisa científica e contribuir para inovações que integrem natureza e sociedade em benefício da população amazônica.
A INICIATIVA
A iniciativa é conduzida pelo Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) e pelo Consecti (Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação) em colaboração com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O foco é impulsionar pesquisas que promovam o desenvolvimento sustentável e inclusivo na região.