Sesau ressalta a necessidade do diagnóstico precoce das doenças neurológicas

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Setembro Cinza é uma campanha nacional voltada à conscientização sobre doenças neurológicas. Em Roraima, a Sesau (Secretaria de Saúde) reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e de hábitos saudáveis para proteger o cérebro e o sistema nervoso, diminuindo o risco de complicações graves.

A iniciativa chama atenção para diversas doenças neurológicas que afetam diretamente a qualidade de vida, como AVC (Acidente Vascular Cerebral), epilepsia, Alzheimer, tumores cerebrais e outras condições que exigem detecção precoce e acompanhamento contínuo.

“O Setembro Cinza surgiu originalmente para abordar doenças cerebrais. Num primeiro momento, houve foco nos aneurismas cerebrais, mas eu gostaria de ampliar a campanha para todas as doenças neurológicas. É fundamental que a população saiba que existem doenças neurológicas que precisam de tratamento cirúrgico e outras cujo manejo é clínico, ou seja, feito com medicação”, afirmou o neurocirurgião Dr. Herison Vaz.

Ele ressalta também sinais que não devem ser ignorados, pois podem indicar problemas neurológicos mais graves, já que frequentemente sintomas são subestimados ou confundidos com questões do dia a dia.

“Os principais sintomas que a população deveria ter em mente são cefaleia refratária [dor de cabeça resistente a tratamentos], dor de cabeça que ocorre principalmente à noite ou ao acordar, dor de início na vida adulta ou na velhice, sinais de fraqueza corporal, fala arrastada, mudanças de personalidade e irritabilidade — sobretudo em crianças”, explicou o especialista.

A identificação precoce é essencial para assegurar tratamentos mais eficazes e reduzir o risco de sequelas. No caso dos aneurismas, por exemplo, descobrir antes da ruptura faz toda a diferença.

“Quando um aneurisma não rompido é identificado, a cirurgia é tecnicamente mais simples do que em um aneurisma já rompido. A hemorragia subaracnóidea [sangramento que ocorre ao redor do cérebro] é uma condição grave que demanda cuidados intensivos em UTI e tratamento adequado”, destacou Vaz.

Além das intervenções médicas, ele enfatiza que preservar a saúde neurológica depende também de hábitos diários preventivos.

“Cuidar da saúde do sistema nervoso é, na prática, cuidar da saúde como um todo: praticar exercícios físicos, manter hidratação adequada, combater a obesidade e tratar doenças crônico-degenerativas como hipertensão arterial sistêmica e diabetes”, completou.

AVANÇOS NA SAÚDE

Nos últimos anos, o HGR (Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento) e o HMI (Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth) ampliaram recursos para diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas.

Entre os avanços estão procedimentos como a clipagem de aneurismas — cirurgia aberta que coloca um clipe metálico na base do aneurisma para evitar a ruptura —, a embolização, um tratamento minimamente invasivo por cateter que bloqueia o fluxo sanguíneo dentro do aneurisma, e técnicas de lavagem ventricular ou derivação ventricular externa, usadas em hemorragia subaracnóidea [sangramento ao redor do cérebro] para reduzir a pressão intracraniana e proteger o desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças.

“Um estudo comparou crianças de dois anos que tiveram hemorragia cerebral e mostrou que aquelas tratadas com lavagem ventricular apresentaram menor impacto cognitivo do que as tratadas com derivação ventricular externa [um dreno provisório colocado para retirar líquido do cérebro]”, ressaltou Vaz.

O neurocirurgião Dr. Márcio Tiago de Oliveira Barbosa destacou que os equipamentos modernos disponíveis no HGR e no HMI têm transformado a realidade em Roraima. Com esses investimentos, a rede estadual realiza procedimentos complexos que antes eram encaminhados a outros estados, ampliando o acesso e a qualidade do atendimento à população roraimense.

“Podemos citar o microscópio neurocirúrgico, o neuronavegador, os neuroendoscópios e os arcos cirúrgicos mais modernos. Esses equipamentos são essenciais para tratar diversas doenças do sistema nervoso central e contribuíram para avanços na saúde do estado. Graças a eles, já realizamos procedimentos complexos, como cirurgias endoscópicas de base de crânio para hipófise e a terceira ventriculostomia endoscópica”, explicou.

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