Boa Vista (RR) – Em pleno desfile cívico-militar de 7 de Setembro, diante de autoridades civis e militares, o deputado federal Nicoletti (União-RR) se levantou. Com uma faixa nas mãos onde se lia “Fora Lula” e “Fora Moraes”, ele rompeu o protocolo, rompeu o silêncio e, com ele, despertou uma multidão.
Os gritos não demoraram: “Fora Lula!” “Volta Bolsonaro!” ecoaram pelas arquibancadas. Em minutos, o que era um desfile se tornou um ato. E o que era apenas mais um 7 de Setembro em um estado do Norte, se transformou em um marco político.
Nicoletti não hesitou diante da presença de figuras de peso: o governador Antonio Denarium, altos oficiais das Forças Armadas e o próprio ministro da Saúde do governo Lula. Ainda assim, empunhou sua faixa, levantou a voz — e com ela, a insatisfação de um povo inteiro.
“Não posso me calar. Não diante do que estão fazendo com o Brasil. Não diante de um presidente caçado por pensar, e de um povo silenciado pela força. Roraima não me decepciona, porque Roraima ainda tem coragem”, declarou o deputado.
Uma manifestação solitária
Nicoletti foi o único político presente a se manifestar publicamente, em meio ao cerimonial e ao clima institucional. Mas, ironicamente, sua voz solitária revelou não um isolamento — mas uma sintonia silenciosa com a alma popular roraimense.
A manifestação não foi apenas um protesto. Foi um gesto de resgate simbólico da identidade conservadora de Roraima, estado que deu ao ex-presidente Jair Bolsonaro os maiores índices de votação proporcional do Brasil nas eleições de 2018 (71,55%) e 2022 (69,57%).
Roraima não é apenas um reduto bolsonarista. É, acima de tudo, um estado que rejeita o autoritarismo, que valoriza a liberdade, que não se curva.
7 de Setembro – peso da história
Celebrar o 7 de Setembro é celebrar a liberdade. Mas em tempos de censura, inquéritos políticos e silenciamento institucional, o ato de falar já é resistência. O gesto de Nicoletti foi mais do que político — foi simbólico.
Erguer uma faixa com os dizeres “Fora Lula” e “Fora Moraes” em meio a autoridades do atual governo não é apenas oposição. É uma denúncia corajosa, um alerta, uma convocação.
Nicoletti sabia o que representava aquele instante. E por isso, se colocou na linha de frente.
Resistência no Parlamento
Nicoletti já havia se destacado por ser o único parlamentar de Roraima a assinar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, e por suas falas firmes contra os abusos do Judiciário e os excessos do atual governo.
Com o ato deste 7 de Setembro, ele não apenas reafirma seu posicionamento — ele se consolida como o principal nome da oposição patriótica em Roraima, e um dos poucos que não temem as consequências de nadar contra a corrente.
“A história sempre foi feita pelos que se levantaram quando todos mandavam sentar. E eu não fui eleito para abaixar a cabeça”, declarou Nicoletti.
Quando um gesto vale mais que mil discursos
O ato do deputado Nicoletti não foi improvisado. Foi um gesto cirúrgico, pensado, necessário. Um momento em que o silêncio seria cumplicidade — e a coragem, dever.
Em tempos de censura disfarçada de legalidade, de perseguição em nome da democracia, e de omissão em nome da estabilidade, levantar uma faixa pode ser mais revolucionário que uma votação inteira.
E foi isso que Nicoletti fez: lembrou ao Brasil que ainda há quem lute.