Gasto no Brasil indica que o país está consumindo mais rapidamente e já supera os 4 trilhões de reais em 2025

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A três meses do término de 2025, o total gasto por estados, municípios e União alcança a marca de 4 trilhões de reais — somando despesas da União, estados e municípios. Os dados são da plataforma Gasto Brasil, que reúne informações oficiais do Tesouro Nacional a partir do cruzamento de diversas bases públicas.

Por outro lado, um “parente próximo” do Gasto Brasil, o Impostômetro, também atualizou seus números: naquele mesmo dia, chegou a 3 trilhões de reais em impostos arrecadados.

Os zeros são muitos — mas a diferença entre os valores também. Um trilhão de reais é o que separa tudo o que foi arrecadado do que foi gasto até o momento. E esse déficit pode ser preocupante, alerta o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ulisses Ruiz de Gamboa.

Déficit crescente e dívida em alta

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, o país enfrenta um desequilíbrio estrutural entre arrecadação e despesas. “Os gastos estão aumentando muito além da capacidade de arrecadação. O resultado disso é o crescimento da dívida e a persistência da inflação”, explica o economista.

Ele destaca que essa tendência vem se consolidando durante o atual governo. “O governo deve encerrar o terceiro mandato do presidente Lula com um aumento de cerca de 10 a 11% do endividamento em relação ao PIB”, calcula.

Apesar de afastar o risco de uma “crise à la Grécia”, o especialista alerta que o Brasil pode enfrentar problemas de insolvência no futuro, caso não controle o ritmo das despesas.

“O governo não vai quebrar, mas a trajetória é preocupante. Gastar além do que se arrecada aumenta a dívida, pressiona a taxa de juros e impede que ela caia mais rapidamente”, analisa.

O economista também lembra que, ao tentar equilibrar as contas, o governo tem recorrido ao aumento da carga tributária — o que acaba freando o crescimento.

“Temos dois problemas: uma carga já muito alta e uma despesa pública crescente. Isso desestimula o empreendedorismo e afeta o setor produtivo”, diz.

Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, o cenário para 2026 deve apresentar uma inflação mais resistente e juros elevados por mais tempo, mesmo com alguma melhora na atividade econômica.

“Há um ponto positivo, que é a expansão do consumo e o desemprego baixo, mas o custo vem na forma de inflação persistente e necessidade de maior ajuste fiscal”, conclui.

Gasto acelerado e tendência de alta

O consultor da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e idealizador do Gasto Brasil, Cláudio Queiroz, confirma que o ritmo dos gastos jamais foi tão acelerado.

“Se em 2018 o país levou 104 dias para atingir a marca de 1 trilhão de reais em despesas, em 2025 essa marca foi alcançada em apenas 77 dias”, compara.

Queiroz lidera um levantamento que compara o tempo — ao longo dos anos — que quantias expressivas demoraram para atingir esses níveis. “Em 2018, o gasto de R$ 1,5 trilhão levou 155 dias para ser atingido. Agora, em 2025, esse valor foi alcançado em 116 dias. Ou seja, antecipamos o gasto em quase 40 dias”, detalha.

A tendência, segundo ele, é de novo recorde até o final do ano. “Já ultrapassamos os R$ 4 trilhões em despesas públicas”, afirma Cláudio. “A defasagem entre o que se arrecada e o que se gasta continua aumentando mês a mês”.

“O Gasto Brasil mostra que o país está aumentando as despesas a um ritmo de 100 bilhões de reais por mês, enquanto a arrecadação cresce em um ritmo mais lento”, explica o consultor.

O estudo da CACB também vem aprimorando a análise dos dados, detalhando, por exemplo, o peso da Previdência Social — atualmente o principal componente das despesas.

“Agora é possível identificar o quanto vem do regime geral e do regime próprio, tanto da União quanto de estados e municípios. É uma conta elevada que exige medidas de contenção já a partir de 2026”, alerta Queiroz.

Sinal amarelo aceso

Para os especialistas, o panorama apresentado pelo Gasto Brasil serve como um alerta para a necessidade de controle fiscal. O país gasta mais e mais rápido, enquanto a arrecadação cresce em um ritmo menor e a dívida aumenta.

“O governo que assumir em 2027 — seja qual for — precisará agir rapidamente. Será necessário cortar gastos e melhorar a gestão pública. A conta já chegou”, resume Cláudio Queiroz.
 

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