Um estudo inédito que mapeou as dificuldades e oportunidades no financiamento da bioeconomia na Região Amazônica foi divulgado na segunda-feira (10), durante a abertura do pavilhão do Banco da Amazônia, na Green Zone da COP30, em Belém (PA). A pesquisa revela que a Amazônia Legal concentra 159 mecanismos financeiros direcionados à bioeconomia, porém, a maior parte dos recursos ainda não alcança as comunidades locais que dependem da sociobiodiversidade.
O lançamento aconteceu na última segunda-feira (10), na abertura do pavilhão do Banco da Amazônia, na Green Zone da COP30, em Belém (PA).
O presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, destacou uma iniciativa do banco ligada ao Pronaf Alimentos que segue os princípios da socioeconomia. De acordo com ele, a instituição oferece não só crédito e assistência técnica, mas também acompanhamento do produtor a longo prazo.
“Para isso, criamos uma solução que integra a produção de algumas cadeias do PRONAF dentro de indústrias. Com isso, garantimos estabilidade na venda e na renda do produtor. Assim, conseguimos proporcionar um diferencial de renda para essas pessoas, o que transforma a qualidade de vida delas”, explicou.
Lessa complementou que o estudo também apresenta exemplos do Banco do Brasil e do Banpará com foco semelhante.
A pesquisa foi realizada pela rede Uma Concertação pela Amazônia em parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e a Frankfurt School of Finance and Management, com apoio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
Desafios e oportunidades
A publicação, intitulada “Ecossistema de financiamento da bioeconomia na Amazônia Legal: Diagnóstico, experiências e recomendações para ações integradas”, mapeou e analisou a variedade de mecanismos financeiros voltados para a bioeconomia na Amazônia Legal. O estudo identificou formas de atuação, lacunas de cobertura e possibilidades de financiamento.
Foram identificados 159 mecanismos de financiamento atuantes na Amazônia Legal, de diversos tipos. Veja:
- Exclusivos para bioeconomia;
- Disponíveis para sociobioeconomia;
- Incluem crédito público, capital empreendedor, filantropia e outros mecanismos do mercado de capitais;
- Mecanismos focados na diversidade e estrutura dos instrumentos, não no volume de recursos liberados.
Os dados indicam que 23% dos mecanismos pesquisados são destinados à bioeconomia. Outros 77% são multissetoriais, ou seja, abrangem diversos segmentos econômicos. Além disso, 61% não são direcionados às comunidades locais.
Já na sociobioeconomia – que abrange não só a produção econômica, mas também os habitantes da região – um total de 28% dos mecanismos de financiamento são voltados às comunidades locais (mesmo sem foco exclusivo em bioeconomia).
Considerando apenas os casos exclusivos de bioeconomia, apenas 13% dos recursos são destinados às populações locais.
Modalidades de financiamento
Relacionado à socioeconomia, a maior parte dos financiamentos provém de ações de filantropia nacional (46%) e parcerias híbridas (40%). Já 33% vêm de bancos públicos e agências de fomento. Por fim, destacam-se fundos de investimento (11%) e filantropia internacional (10%).
Conforme o estudo, falando da bioeconomia no geral, os bancos públicos lideram, concentrando 26% dos mecanismos.
Os resultados evidenciam, no entanto, desafios no acesso ao crédito e na articulação entre bancos públicos, fundos filantrópicos e investidores privados.
Economia verde e transição energética
O lançamento marcou o início da programação do Banco da Amazônia na Green Zone da COP30, em Belém (PA). A instituição planeja debates e mesas-redondas sobre bioeconomia, infraestrutura verde, financiamento sustentável e inclusão.
“São temas que fazem parte do debate para apoiar os projetos que financiamos, com o objetivo de gerar um ciclo de desenvolvimento na Amazônia, que crie emprego, renda e melhore a qualidade de vida das pessoas”, afirmou Luiz Lessa.
De acordo com a instituição, o evento simbolizou o começo da participação e reforçou o papel do Banco da Amazônia como articulador regional da transição ecológica, em diálogo com o governo federal e organismos de fomento nacionais e internacionais.
Segundo Lessa, o Banco da Amazônia participa da COP para cumprir seu papel institucional na promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia.
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