Trump levanta polêmica ao associar uso de paracetamol na gravidez ao autismo

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar controvérsia nesta segunda-feira (22) ao afirmar que a Food and Drug Administration (FDA) notificará médicos sobre uma possível relação entre o uso de paracetamol (Tylenol) durante a gravidez e risco aumentado de autismo. A declaração foi feita no Salão Oval, ao lado de figuras como Robert F. Kennedy Jr. e o médico Mehmet Oz.

Segundo Trump, as mulheres grávidas deveriam “limitar fortemente” o uso do medicamento, a não ser em situações clínicas necessárias, como febre alta. No entanto, décadas de pesquisas médicas consideram o paracetamol a opção mais segura de analgésico sem prescrição para gestantes, já que alternativas como aspirina e ibuprofeno oferecem riscos comprovados ao feto.

A FDA, em nota, ressaltou que “não há relação causal estabelecida” entre o uso de paracetamol na gravidez e o autismo. A agência destacou ainda que há estudos científicos com resultados divergentes e que cabe aos médicos avaliar caso a caso.

Especialistas criticaram o posicionamento de Trump e de Kennedy, conhecido por seu histórico de ativismo antivacina. Pesquisadores reforçam que o autismo é multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais complexos, e que não existe evidência científica confiável que vincule o paracetamol ao transtorno.

A farmacêutica Kenvue, fabricante do Tylenol, também se manifestou. Em comunicado, a empresa reafirmou que o medicamento é considerado seguro para gestantes quando usado corretamente e alertou que a falta de tratamento de sintomas como febre pode representar risco tanto para a mãe quanto para o bebê.

Apesar das declarações de Trump, a FDA confirmou que sua comunicação oficial aos médicos foi cautelosa, ressaltando a ausência de consenso científico e recomendando que os profissionais usem o “melhor julgamento clínico” no atendimento às gestantes.

Enquanto isso, dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que o número de diagnósticos de autismo tem aumentado nas últimas décadas, chegando a 1 em cada 31 crianças em 2022. Especialistas atribuem essa alta à ampliação dos critérios de diagnóstico, ao aumento da conscientização e ao rastreio precoce — não a fatores isolados como medicamentos ou vacinas.

O pediatra Peter Hotez, referência internacional em vacinas e pai de uma jovem com autismo, criticou a postura de Trump: “Não existe uma causa única para o autismo. Há mais de 100 genes envolvidos, diferentes formas de manifestação e fatores diversos. Reduzir isso a um remédio ou a uma vacina é irresponsável”.

Com a polêmica, cresce a preocupação de autoridades de saúde sobre o impacto de discursos políticos sem base científica, que podem gerar insegurança entre gestantes e comprometer a confiança em tratamentos médicos seguros.

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