A elevada carga tributária no Brasil representa o principal desafio para o crescimento dos negócios no país. É o que revela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira (15). Para 70% dos empresários industriais entrevistados, cumprir com os tributos é o principal problema relacionado ao Custo Brasil.A falta de mão de obra qualificada surge em segundo lugar, mencionada por 62% dos participantes, enquanto 27% destacaram dificuldades no financiamento das empresas, 24% apontaram a insegurança jurídica e regulatória e 22% indicaram a ausência de competitividade justa.Para o vice-presidente da CNI, Léo de Castro, a reforma tributária deve ajudar a aliviar o peso dos impostos. “A CNI acredita que a reforma tributária aborda essa questão e tem grande expectativa de que, com sua implementação completa, o processo de apuração e pagamento de tributos no país se torne muito mais simples, além de aumentar a segurança jurídica”, afirma.Sobre a qualificação da mão de obra, Castro destaca a necessidade de ampliar a formação em cursos técnicos de nível médio e incentivar beneficiários de programas sociais a ingressar e se manter no mercado de trabalho.“No mundo desenvolvido, quase 40% dos estudantes do Ensino Médio fazem curso técnico. Isso é fundamental para aumentar a produtividade nos setores industrial, agropecuário, de serviços, enfim, em toda a cadeia produtiva. Somos totalmente a favor do apoio social para quem precisa, para as populações que demandam esse suporte, mas precisamos entender que o que realmente transforma a vida de uma pessoa é o trabalho”, explica.
Custo Brasil: desafios
Além dos principais obstáculos, os entrevistados citaram:
- problemas no acesso a insumos básicos (20%);
- necessidade de inovação (14%);
- infraestrutura inadequada (12%);
- dificuldade no acesso a serviços públicos (10%);
- integração internacional (4%);
- burocracia para abrir, retomar ou encerrar negócios (3%).
Segundo Castro, produzir no Brasil custa quase 20% a mais do que em outros países – um impacto que chega ao consumidor final, com produtos e serviços mais caros.A pesquisa aponta ainda que a maioria dos empresários industriais (77%) acredita que o Custo Brasil eleva os preços finais pagos pelos consumidores. Para 64% deles, esse impacto aumentou nos últimos três anos, e para 78%, reduzir esse peso é uma prioridade estratégica para as empresas.Jackson Lemos, empresário do setor de comunicação do município de Governador Valadares (MG), afirma investir em tecnologia, gestão fiscal e jurídica para enfrentar os custos de empreender.Para ele, o principal entrave é a insegurança jurídica: “Se o Custo Brasil fosse menor, certamente teria mais pessoas trabalhando comigo, criando novos produtos e serviços para gerar pelo menos mais empregos diretos. Isso mostraria todo o potencial do país e, com certeza, o Brasil teria mais desenvolvimento econômico”, destaca.Do total, 77% dos empresários industriais afirmaram que aumentariam os investimentos em suas empresas caso a taxa de juros para empréstimos a pessoas jurídicas fosse reduzida pela metade. Entre esses, 31% dizem que o investimento “aumentaria muito” e 46% que “aumentaria”.O levantamento foi encomendado ao instituto de pesquisas Nexus e ouviu 1.002 empresários de pequeno, médio e grande porte, de todas as regiões do país, entre 14 de julho e 7 de agosto de 2025.
Custo Brasil: o que significa?
A pesquisa faz parte da campanha Custo Brasil, lançada pela CNI, que busca conscientizar sobre o impacto desse conjunto de barreiras estruturais, burocráticas e econômicas na vida dos brasileiros e no desenvolvimento do país. Criado no final da década de 1990, o termo descreve o peso das ineficiências que encarecem produtos, prejudicam investimentos e comprometem a competitividade nacional.A iniciativa visa destacar como esses fatores afetam diretamente a população, elevando custos, prejudicando a indústria e limitando o crescimento econômico sustentável.
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