Os Jogos Nix Trans, um festival esportivo voltado para pessoas trans e travestis, têm início hoje (22) no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires, em São Paulo. O evento, que se estende até 24 de agosto, apresenta uma programação gratuita, incluindo palestras, rodas de conversa e variadas atividades físicas, com o intuito de estimular a participação da comunidade trans no esporte.
O festival é fundamentado em quatro pilares: criar um ambiente seguro e acolhedor para a prática esportiva da comunidade trans; celebrar as habilidades esportivas dos atletas trans; dar visibilidade a coletivos que promovem atividades esportivas para essa população; e fomentar conhecimento e apoio de aliados no esporte voltado para pessoas trans.
“Desejamos chamar atenção para que pessoas trans têm o direito de ocupar quadras, campos e ginásios. Não apenas como atletas, mas como verdadeiros protagonistas. Todo o evento é um convite para reavaliarmos o esporte como um espaço realmente coletivo e transformador,” afirma Fabrício Addeo Ramos, diretor da Nix Diversidade.
A expectativa é que os jogos atraiam cerca de 600 participantes, nas modalidades de vôlei, futsal e corrida.
A programação do evento está organizada por dias. Na sexta-feira (22), o festival será voltado para palestras e rodas de conversa sobre temas relevantes à comunidade trans, como políticas públicas, conquistas e, principalmente, a importância do esporte para a saúde da população trans.
O Coordenador da Programação do evento, Júnior Lima, fala sobre as rodas de conversa:
“Fala-se sempre de pessoas trans no esporte de uma maneira que as exclui. Você ouve que tal pessoa não pode competir por ser uma atleta trans. Portanto, trazer a saúde para essas rodas é mostrar que pessoas trans também podem se envolver no esporte. Isso pode até inspirar quem acredita que o esporte não é para elas, sabe?”
Nos demais dias do festival, o foco será nas atividades físicas. Haverá torneios exclusivos para pessoas e coletivos trans, além de atividades abertas a todos os presentes.
“Posso afirmar, como homem trans, que na infância somos muito excluídos desses espaços. Quando tentamos entrar, é sempre de uma forma muito negligenciada. Agora temos um lugar seguro para vivermos nossa identidade, sem olhares indesejados. É inestimável a grandiosidade desse momento,” disse Júnior Lima.
O evento ocorre na Vila Clementino, no endereço Avenida Ibirapuera, 1314. As atividades são abertas no dia 22, das 14h às 19h, no dia 23, das 9h às 19h, e no dia 24, das 9h às 20h30.
*Estagiário sob supervisão de Eduardo Luiz Correia
