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Preta Gil: aumento do câncer colorretal entre jovens adultos – 20/07/2025 – Saúde e Bem-Estar

Preta Gil: câncer colorretal cresce entre adultos jovens - 20/07/2025 - Equilíbrio e Saúde

Preta Gil durante show no Espaço Unimed, em São Paulo, em setembro de 2023, meses após a descoberta do câncer - Ronny Santos - 15.set.23/Folhapress

A cantora Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos. Ela foi diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023 e lutava contra a enfermidade desde então. A artista estava em tratamento experimental nos Estados Unidos e, conforme informações divulgadas nas redes sociais de seu pai, Gilberto Gil, ela faleceu em Nova York.

No final de 2023, em dezembro, Preta anunciou que havia alcançado remissão da doença após um tratamento bem-sucedido. Contudo, em agosto de 2024, a artista revelou que o câncer havia retornado, um processo conhecido como recidiva.

A recidiva pode ser mais difícil de tratar do que o câncer original, pois geralmente indica um comportamento biológico mais agressivo da doença. No caso de Preta, houve metástase em quatro regiões: duas estruturas do sistema linfático (linfonodos, que são partes do sistema de defesa do intestino); no peritônio, que reveste órgãos como intestino, fígado e estômago; e no ureter, que transporta a urina.

O câncer de intestino tem se tornado cada vez mais comum entre adultos jovens, sendo um dos tumores mais frequentes entre os brasileiros, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), e com alta taxa de incidência em todo o mundo.

Os exames de rastreamento são recomendados a partir dos 45 anos, mas o aumento de casos entre os jovens tem gerado preocupação entre os especialistas.

Um relatório publicado em janeiro de 2024 pela American Cancer Society (ACS) destacou que as taxas de câncer colorretal estão crescendo rapidamente entre pessoas nas faixas dos 20, 30 e 40 anos. Este tipo de tumor em pacientes mais jovens tende a ser mais agressivo e muitas vezes é detectado em estágios mais avançados.

O rastreamento é feito através do exame de sangue oculto nas fezes e, se o resultado for positivo, uma colonoscopia deve ser realizada. Diante do aumento crescente de casos, várias sociedades médicas começaram a recomendar a colonoscopia para todos os adultos com mais de 45 anos, mesmo que não apresentem sintomas.

Comum de início silencioso, como a maioria dos tumores, a doença costuma se manifestar com alterações no hábito intestinal (um intestino que normalmente é preso pode começar a ficar solto ou vice-versa), presença de sangue nas fezes, dores abdominais e alterações no formato das fezes, que podem ficar mais finas ou alongadas. Um dos maiores desafios é o diagnóstico precoce.

Além do fator genético, especialistas estão investigando se há fatores ambientais que causam câncer em idades mais jovens. Alguns estudos iniciais sugerem que pacientes que desenvolvem câncer colorretal em idade precoce podem ter um desequilíbrio entre bactérias “boas” e “ruins” no intestino.

O tratamento é determinado pelo estágio da doença. Nas fases iniciais, o câncer colorretal é frequentemente tratado apenas com cirurgia. Para casos mais avançados, que afetam os linfonodos, o tratamento também contempla quimioterapia preventiva após a cirurgia. A doença com metástase é geralmente abordada com quimioterapia.

Por que Preta Gil buscou tratamento nos EUA?

Em maio do último ano, Preta Gil revelou em seu Instagram que chegava a Washington, nos EUA, para dar continuidade ao tratamento. Antes, em março, ela já havia comentado que “fez tudo o que podia” no Brasil e que por isso entrava em uma “fase difícil, complicada”. “Minhas chances de cura estão fora do país”, disse Preta no programa Domingão, da TV Globo.

A diferença entre o tratamento nos EUA e no Brasil reside no fato de que, enquanto a ciência biomédica avança com novas drogas antitumorais sendo descobertas e testadas todos os anos, existem diversos obstáculos para que essas inovações sejam acessíveis à população.

Dentre os impedimentos estão o tempo de aprovação de registro, a inclusão no rol obrigatório de oferta pelos planos de saúde e a decisão (ou não) do que será utilizado no SUS (Sistema Único de Saúde), do qual depende 70% da população brasileira.

O Brasil ainda está em seus primeiros passos na oferta de ensaios clínicos, que são os estudos pelos quais as novas drogas passam antes de chegar ao mercado ou quando novas indicações são feitas para elas.

Uma característica destes ensaios no Brasil e na maior parte do mundo é que todo o tratamento dos voluntários é financiado pela patrocinadora —como uma indústria farmacêutica, por exemplo. Comparações com outros tratamentos são realizadas em relação ao padrão-ouro vigente, mesmo que não esteja disponível no SUS, e esse custo também é arcado pelo patrocinador.

Nos EUA, onde há uma concentração de centenas de empresas farmacêuticas realizando ensaios clínicos, a regra é diferente: quem arca com o tratamento básico (incluindo internação, exames, consultas e procedimentos já previstos) é o plano de saúde.

A patrocinadora apenas cobre a nova droga, e devido a essa barreira financeira, são raros os pacientes brasileiros que conseguem participar desses estudos nos EUA.

A discrepância entre Brasil e EUA também é evidenciada em outras estatísticas. Um estudo apresentado na última edição do congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica comparou o tempo de aprovação de novas drogas pela FDA (agência reguladora dos EUA) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nos EUA, o tempo médio de aprovação foi de 184 dias; no Brasil, esse prazo é de 331 dias.

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