A colheita do milho seco nas comunidades indígenas, marcada pelo trabalho coletivo, é um momento de grande importância cultural e alimentar. Reconhecendo os benefícios da produção agrícola para as famílias, a Prefeitura de Boa Vista apoia todas as etapas do cultivo, desde o preparo do solo e plantio até a aquisição de sementes e insumos.
Na comunidade Lago Grande, no Baixo São Marcos, as famílias agricultoras recolheram cerca de 160 sacas de milho com o apoio de técnicos agrícolas e das colheitadeiras fornecidas pela prefeitura. Segundo o prefeito Arthur Henrique, o município direciona políticas públicas à agricultura familiar e investe na sustentabilidade ambiental, social e econômica da região.

“Esse trabalho reforça o compromisso da nossa gestão em apoiar a agricultura familiar e valorizar as comunidades indígenas, que têm papel fundamental no desenvolvimento sustentável do nosso município. Com o incentivo da Prefeitura de Boa Vista garantimos não apenas o fortalecimento da produção local, mas também a geração de renda e segurança alimentar das famílias”, disse.
Superação na plantação e colheita

A prefeitura cultivou 865 hectares de milho no município, sendo 105 hectares nas comunidades indígenas. A colheita está em andamento e deve ser finalizada na segunda quinzena de outubro. Neste ano, a produção nas áreas indígenas deve superar 600 toneladas de grãos, e a área plantada excedeu as expectativas de produtores e técnicos de Boa Vista.

Nas áreas já colhidas, a produtividade alcançou índices iguais ou superiores a 6 toneladas por hectare, o que corresponde a uma média de 120 sacas de 50 kg por hectare. Sidney Tavares, 2º tuxaua da comunidade Lago Grande, afirma que o investimento da prefeitura tem promovido um crescimento significativo na produção indígena.

“Há 30 anos, nosso povo produzia tudo manualmente, com machado e enxada. Naquela época a área plantada era bem menor, mas hoje a Prefeitura de Boa Vista trata a comunidade com atenção e nosso trabalho recebe apoio técnico e tecnologia. Este ano ampliamos o plantio e a expectativa é continuar crescendo”, destacou.
Mulheres no campo

Com união, cuidado e inovação no trabalho diário, as mulheres assumem papel de protagonismo no campo, impulsionando a produção. Meirejane Lima, coordenadora das Mulheres Agricultoras da Comunidade Lago Grande, conta que o apoio da prefeitura tem promovido autonomia financeira e incentivado as lavouras conduzidas por mulheres.

“Os técnicos nos acompanharam desde o início do plantio, orientando na adubação até a colheita. A comunidade sempre se preocupou com a qualidade da produção e trabalhou para obter bons resultados. No começo não sabíamos como manejar grandes áreas porque nunca cultivamos hectares; eram apenas pequenas faixas, mas hoje a realidade é outra”, explicou.

Colheita envolve todas as idades
Essa prática reforça a autonomia produtiva da comunidade e valoriza a agricultura sustentável, transmitida de geração em geração como parte essencial do modo de vida indígena. Durante a colheita, adultos, idosos, jovens e crianças participam ativamente. Considerado um dia de festa, as aulas das crianças são adaptadas, já que todos são levados à lavoura para garantir a sucessão familiar.

Quem passou a vida trabalhando na roça também participa, agora em um ritmo mais calmo, mas com muito a ensinar aos mais jovens. É o caso dos idosos, que seguem inseridos no processo. Nelcia Paixão, 73 anos, que sempre trabalhou na roça, esteve presente na colheita e recolheu as espigas que ficaram pelo caminho, garantindo o aproveitamento total.

“Estou juntando o milho para dar às galinhas e aos porcos. Assim a gente aproveita tudo e nada se perde. Cresci trabalhando na roça, com enxada na mão, fazendo farinha e tapioca. Hoje estou mais velha e cansada, não consigo mais trabalhar o dia inteiro. Sou aposentada, mas minha aposentadoria não dá para comprar muito alimento para os animais”, contou.
