Gabriel Júnior de Oliveira Alves da Silva, um jovem de apenas 22 anos, foi tragicamente atingido por um tiro na cabeça disparado por um policial militar na noite de terça-feira (1º), durante uma abordagem em Piracicaba, no interior do estado de São Paulo.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram que Gabriel foi baleado enquanto tentava proteger sua esposa, Rebeca Mirian Alves Braga, que também reagiu à ação dos policiais. As gravações feitas por testemunhas capturam o desespero de Mirian e das pessoas presentes no local.
Segundo o boletim policial, Gabriel teria sido morto ao resistir à abordagem dos PMs, portando um “objeto suspeito” na cintura e supostamente ameaçando os policiais com uma pedra.
A Secretaria de Segurança Pública se pronunciou afirmando que “a conduta dos policiais militares envolvidos é inaceitável e não está alinhada aos protocolos operacionais ou aos valores da Polícia militar do Estado de São Paulo”.
“Todos os policiais identificados nas gravações foram imediatamente afastados das atividades operacionais. Outras medidas estão sendo implementadas para garantir a responsabilização criminal, administrativa e disciplinar dos envolvidos”, acrescentou a nota oficial da Secretaria.
Gabriel recebeu atendimento do Samu e foi levado ao hospital Fornecedores de Cana em Piracicaba, mas infelizmente não sobreviveu ao ferimento causado pelo disparo.
Aumento Preocupante da Violência Policial
Um estudo recente divulgado nesta quinta-feira (3) revela que as mudanças nas políticas relacionadas ao uso da força nos últimos anos resultaram em um aumento alarmante de 153,5% nas mortes decorrentes das intervenções policiais (PMs em serviço) entre 2022 e 2024.
A pesquisa faz parte da segunda edição do relatório intitulado Câmeras Corporais na Polícia Militar do Estado de São Paulo: Mudanças Políticas e Impactos nas Mortes Infantis, elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) junto ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
no grupo adulto afetado por essas mortes violentas, 18% foram causadas por ações realizadas por policiais militares em serviço até 2024. Para jovens entre 0 a 19 anos essa porcentagem sobe para impressionantes 34%, indicando que uma em cada três mortes violentas intencionais nessa faixa etária ocorreu durante intervenções policiais.
A avaliação do advogado Ariel de Castro Alves — especialista em segurança pública e direitos humanos além de presidente honorário do Grupo Tortura Nunca Mais São Paulo — é clara: há atualmente “uma epidemia crescente da violência policial no estado devido à inação dos órgãos responsáveis pela supervisão das atividades policias como as corregedorias e o Ministério Público”.
“Uma polícia eficaz não é aquela que mata ou tortura cidadãos inocentes. A verdadeira eficiência está na prevenção crimes”, afirma o especialista lamentando a atual situação das forças policias no Brasil. p>