A indústria brasileira apresentou, em agosto de 2025, o pior desempenho para esse mês em uma década, conforme a Sondagem Industrial divulgada nesta quinta-feira (18) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de evolução da produção caiu para 47,2 pontos, abaixo da linha de 50 pontos que separa crescimento de retração. Trata-se do menor nível desde 2015, quando o indicador apontou 42,7 pontos.
Além da redução na produção, os empresários indicaram queda no número de empregados (48,4 pontos) e diminuição na utilização da capacidade instalada, que recuou de 71%, em julho, para 70%, em agosto.
De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, os resultados acendem um sinal de alerta. “A sondagem de agosto reforça um cenário negativo para a indústria, já percebido há algum tempo pelos empresários em 2025. Tivemos redução na produção e no número de empregados em comparação com julho, o que não costuma ocorrer nesse período. Normalmente, observa-se crescimento da atividade na passagem de julho para agosto”, explicou.
Sondagem Industrial: juros elevados travam investimentos
A pesquisa também apontou que a intenção de investimento da indústria caiu pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 54,4 pontos em setembro.
Para Iasmin Messias, economista e especialista em investimentos, o peso das altas taxas de juros influencia diretamente o cenário atual. “Esse contexto de dificuldades está relacionado à Selic em 15% ao ano. Nesse nível, trata-se de uma política monetária contracionista com o objetivo de conter a inflação. Como consequência, torna-se mais caro para as empresas obter crédito e financiamento, o que muitas vezes leva à necessidade de cortes de custos e até demissões. Isso aumenta o desemprego no país e, consequentemente, reduz o consumo”, avaliou.
A CNI considera “injustificada” a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% ao ano. “Não há crescimento sustentável com juros tão altos. Não há inovação, reindustrialização ou crédito acessível. O que ocorre é a paralisação dos investimentos produtivos, com consequências para toda a sociedade”, destacou o presidente da confederação, Ricardo Alban, em recente declaração.
Sondagem Industrial: estoques e perspectivas
Os estoques se mantiveram estáveis em agosto, com o índice em 50 pontos, indicando ajuste conforme o planejado pelas empresas. Por outro lado, as expectativas para os próximos meses evidenciam cautela. Em setembro, os índices de demanda e compra de insumos recuaram, embora ainda continuem ligeiramente acima da linha de crescimento.
Marcelo Azevedo destaca que o cenário atual afeta as expectativas dos empresários. “Já em agosto, houve uma queda significativa em alguns índices de expectativa, incluindo uma percepção de redução nas exportações para os próximos seis meses. Em setembro, houve uma leve melhora nas expectativas de contratações, contudo, ainda se mantêm negativas”, complementou Azevedo.
A Sondagem Industrial ouviu 1,4 mil empresas, entre pequenas, médias e grandes, no período de 1º a 10 de setembro de 2025.
LOC: A indústria brasileira registrou, em agosto de 2025, o pior desempenho para esse mês em dez anos. A informação é da Sondagem Industrial divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria, a CNI.
O índice de evolução da produção recuou para 47,2 pontos, abaixo da linha de 50 pontos que separa crescimento de retração. Este é o pior resultado para o mês desde 2015.
Além da queda na produção, os empresários informaram redução no número de empregados e diminuição na utilização da capacidade instalada, que passou de 71%, em julho, para 70%, em agosto.
Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, esses resultados representam um alerta importante.
]]>