Na segunda-feira, 12, a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria de Saúde) deu início à implementação do Sistema de Vigilância das Micoses Endêmicas e Oportunistas. Essa ação visa fortalecer o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos em Roraima, garantindo acesso gratuito aos medicamentos antifúngicos necessários.
A vigilância será realizada através de um sistema de notificação dos casos confirmados, denominado sistema Micosis, que permitirá o monitoramento em tempo real e a solicitação de medicamentos ao Ministério da Saúde para o tratamento dos pacientes.
A implementação da vigilância abrangerá os principais hospitais do Estado, como o Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento, o Hospital Universitário e o Hospital da Criança Santo Antônio. Além destes, também participaram do treinamento servidores da CGAF (Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica), a Vigilância Epidemiológica Estadual e do município de Boa Vista, bem como do SAE (Serviço de Assistência Especializada) e do Lacen-RR (Laboratório Central de Roraima).
“Vamos introduzir um sistema de informação e capacitar nossas principais unidades de referência para o diagnóstico das micoses. Inicialmente, serão apenas essas três unidades, mas podemos expandir para as demais posteriormente”, explicou a gerente do Núcleo de Controle da Tuberculose, Ângela Maria Felix.
As micoses endêmicas são infecções causadas por fungos presentes no solo, vegetação e material em decomposição, fortemente ligadas a fatores ambientais como clima, umidade, solo e vegetação. Sua ocorrência é mais comum em populações de áreas rurais, em atividades agropecuárias, ecoturismo e em comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Por outro lado, as micoses oportunistas afetam principalmente pacientes imunossuprimidos, como portadores de HIV, aqueles que passaram por transplante ou estão em tratamento de quimioterapia. Os sintomas podem variar desde lesões leves na pele até quadros graves com comprometimento sistêmico, que podem levar ao óbito.
“Os pacientes que forem diagnosticados e inseridos no sistema terão acesso aos medicamentos para essas doenças, que costumam ser muito caros. Assim, na maioria das situações em que o Estado não tiver o remédio disponível, o Ministério irá fornecê-lo, sem comprometer a saúde do paciente”, enfatizou Ângela Felix.
Para a farmacêutica bioquímica Rosemary Pena, responsável pelo diagnóstico de micoses endêmicas no Lacen-RR, essa iniciativa é fundamental para aumentar a visibilidade dessas doenças em Roraima.
“Essa reunião é extremamente importante, pois ajudará a dar destaque à situação dessas doenças negligenciadas, facilitando também o recebimento de medicamentos via Ministério da Saúde. As micoses precisam ser visibilizadas, pois a maioria dos pacientes imunocomprometidos são os mais afetados por essas condições”, afirmou.