Em Roraima, a preservação da floresta vai além da tecnologia e das políticas públicas: representa também o reconhecimento da ancestralidade e dos conhecimentos dos povos indígenas. Essa combinação entre saberes científicos e tradicionais será o foco do I Seminário Saberes Tradicionais e Científicos: Experiências Sustentáveis na Amazônia Setentrional, promovido pelo Ierr (Instituto de Educação de Roraima) nos dias 2 e 3 de outubro, no auditório da Uerr, em Boa Vista.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas aqui.
O evento tem o objetivo de reunir especialistas, pesquisadores, professores, acadêmicos, técnicos, servidores, gestores, produtores e comunidades indígenas para debater experiências sustentáveis que possam servir de referência para a delegação de Roraima na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30, que acontecerá em Belém (PA). A intenção é documentar os diálogos e encaminhar as contribuições como parte da agenda que o Estado levará ao mundo.
“Este seminário promove um diálogo entre saberes. O indígena é o maior defensor das florestas, das águas e das terras. É fundamental incluí-lo nesta discussão global sobre clima e sustentabilidade”, afirmou a coordenadora do evento, Gleide de Almeida Ribeiro, da etnia Macuxi.
O 1º Seminário Saberes Tradicionais e Científicos é financiado pela Faperr (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima), por meio do edital “Mais Eventos, Mais Ciência”.
Tradição e sustentabilidade lado a lado
A programação conta com palestras de especialistas como Giovani da Silva, da Unifap (Universidade Federal do Amapá), e Gersem dos Santos, da UnB (Universidade de Brasília), além de relatos de comunidades que desenvolvem agricultura familiar, agroecologia e projetos de preservação ambiental sustentáveis.
“Teremos indígenas compartilhando como atuam em suas comunidades, seja na produção agrícola sustentável, seja em iniciativas que contribuem para o combate ao aquecimento global. Essa troca é o coração do seminário”, explicou Gleide.
Os debates abordarão temas como políticas públicas para povos indígenas, diversidade e inovação, produção de conhecimento, agricultura familiar, soberania, segurança alimentar e nutricional, agroecologia, educação escolar indígena e educação no campo. Ao final, os resultados serão disponibilizados em resumos no portal do Ierr.
Roraima e a agenda ambiental da COP 30
Roraima pretende demonstrar em Belém que é possível conciliar crescimento econômico com conservação ambiental. O Estado já reduziu o desmatamento em 45,3% em relação a 2019, fortaleceu o PPCDQ-RR (Plano Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas) 2025-2028 e implementou ferramentas como o Siggarr (Sistema de Informação Geográfica e Gestão Ambiental de Roraima), criado pela Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), que monitora em tempo real queimadas, uso irregular do solo e poluição hídrica.
A criação do Parque Estadual das Nascentes, em Rorainópolis, e de três Reservas de Desenvolvimento Sustentável totaliza quase 1 milhão de hectares protegidos, garantindo a preservação de rios, fauna e flora, além do modo de vida das comunidades tradicionais.
“Cada avanço é resultado de um esforço coletivo, com a participação dos povos indígenas, pesquisadores e órgãos públicos. Essa integração é o exemplo que queremos levar para a COP 30”, ressaltou Gleide.
Força amazônica conjunta
Roraima também faz parte do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, que reúne os nove estados da região. No evento mundial, o Estado participará de iniciativas como a Estratégia Amazônia 2050, o Diagnóstico de Crimes Ambientais e a 2ª Mostra de Cinema da Pan-Amazônia, reforçando o protagonismo amazônico na agenda climática global.
SERVIÇO
O quê: I Seminário Saberes Tradicionais e Científicos: Experiências Sustentáveis na Amazônia Setentrional
Quando: Dias 2 e 3 de outubro de 2025
Onde: Auditório da Uerr, em Boa Vista
Inscrições gratuitas no portal do Ierr