Mesmo enquanto recebem atendimento médico, as crianças de Boa Vista continuam em processo de aprendizagem. No Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), o ensino faz parte da recuperação por meio do projeto Classe Hospitalar, que desde 2008 atua para reduzir a evasão escolar e minimizar os prejuízos causados pelas internações na cidade.
O espaço conta com mesas, cadeiras, material didático e brinquedos educativos adequados à idade e ao nível de cada criança. Atualmente, o projeto é conduzido por três pedagogas, entre elas Elizene da Luz e Rizoneide Alencar, que atuam na unidade há 16 e 17 anos, respectivamente.
“Além do aspecto educacional, a grande importância da Classe Hospitalar é o bem-estar das crianças. Quando estamos com elas, transmitimos a confiança de que vão melhorar e retornar à escola. Isso influencia muito no modo como elas se sentem”, explicou Elizene.
Embora seja uma iniciativa municipal, o projeto atende também estudantes da rede estadual e da rede privada. “Chegamos a receber uma criança do Amazonas que veio ao HCSA para uma cirurgia. Ao voltar para casa, ela levou um relatório para a escola com as atividades que desenvolvemos na Classe”, relatou a pedagoga.
Lazer com foco no aprendizado
Durante a internação, os pacientes mantêm o vínculo com a escola e continuam aprendendo, integrando educação e cuidado no mesmo ambiente. Izabela Sophia, 12 anos, aluna da rede estadual, participou das atividades nos últimos dias. “Gostei muito porque fiz minhas tarefas, estudei e depois brinquei com alguns jogos. Também gostei muito das ‘tias’”, contou.
Para quem trabalha diretamente na Classe Hospitalar, o sentimento é de gratidão, como descreve Rizoneide Alencar. “Conviver diariamente com essas crianças cria um vínculo. Cheguei até a ser convidada pela Izabela para um churrasco na casa dela. Sou muito grata. As mães costumam dizer que as crianças acordam cedo só esperando a gente. É muito gratificante”, afirmou a pedagoga.
Quem também aprovou a iniciativa foi Daniela Geizzelez, mãe do Ethan, de 6 anos, aluno da Escola Municipal Branca de Neve, no Pintolândia. “Ele pede para voltar. Percebo que a Classe funciona como um alívio diante do que ele está vivendo. Achei o projeto sensacional — um cuidado diferenciado. Ele se diverte e aprende ao mesmo tempo”, destacou.




