na última terça-feira (15), Fernando Corrêa, o diretor-geral da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), foi convocado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos em um inquérito que investiga um esquema de espionagem ilegal utilizando a ferramenta FirstMile, conforme noticiado pelo G1. O depoimento está marcado para a próxima quinta-feira (17).
De acordo com informações do veículo, citando fontes anônimas ligadas à investigação, a convocação da Polícia Federal busca esclarecer dois pontos principais:
- A veracidade de uma possível “obstrução por parte da atual administração à investigação sobre o uso da ABIN durante o governo Jair Bolsonaro (PL) para monitorar autoridades, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) considerados opositores pelo ex-presidente, caso conhecido como Abin paralela”;
- A possibilidade de Corrêa ter conhecimento e autorizado a suposta espionagem direcionada a autoridades paraguaias;
Posição Oficial da ABIN sobre a Convocação
A ABIN se pronunciou ao G1 com uma declaração afirmando que “estamos prontos para colaborar com as autoridades competentes em qualquer esclarecimento necessário no âmbito administrativo ou judicial sobre os fatos mencionados na mídia relacionados às decisões tomadas na gestão anterior da Agência”.
Análise do Inquérito Relacionado à espionagem Ilegal
A partir de 2023, a Polícia Federal iniciou uma investigação acerca das ações tanto de autoridades civis quanto militares junto aos funcionários da ABIN que supostamente formaram uma organização criminosa voltada à vigilância clandestina contra diversas pessoas e figuras públicas.Essa prática ilícita seria realizada através do uso do sistema FirstMile.
Entendendo o Sistema FirstMile
Pessoas envolvidas nas investigações relataram ao G1 que o sistema FirstMile foi inicialmente utilizado para monitorar atividades digitais dos opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
The FirstMile é um software desenvolvido pela empresa israelense Cognyte — anteriormente conhecida como Verint — que permite rastrear geograficamente indivíduos apenas inserindo seu número telefônico celular. O programa identifica áreas aproximadas onde dispositivos móveis estão conectados através das torres celulares próximas.
Pontos Importantes sobre o Software:
- Sua contratação ocorreu em 2018 por R$ 5.7 milhões sem licitação;
- Tinha capacidade para localizar até 10 mil pessoas em um período máximo de um ano;
- Eficaz no rastreamento via redes móveis 2G, 3G e 4G;
- A ABIN não possuía autorização legal para utilizar este serviço;
- Sua aquisição aconteceu durante o governo Temer;
- Dentre os três primeiros anos do governo Bolsonaro foram registrados usos secretos deste programa pela ABIN segundo informações veiculadas pelo jornal O Globo.
Ciberataques Contra o Paraguai
No decorrer dos depoimentos prestados à PF , conforme reportado pelo G1 , um investigador indicou que as operações cibernéticas contra o Paraguai “tiveram início ainda sob administração Bolsonaro mas continuaram durante o governo lula com consentimento explícito tanto do atual diretor Luiz Fernando corrêa quanto do diretor interino Saulo de Cunha Moura”, nomeado em maio deste ano.
Além disso , esse investigador confirmou que as intenções eram obter dados confidenciais relacionados às negociações financeiras referentes ao tratado Itaipu , afetando diretamente os custos pagos pelo Brasil ao Paraguai pela energia gerada na usina binacional. O governo Lula declarou ter interrompido essas atividades assim que tomou conhecimento delas.
