Desempenho do setor agropecuário em 2025 assegura inflação e preços dos alimentos menores do que o esperado, afirma CNA

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O agronegócio contribuiu para a melhoria dos principais indicadores macroeconômicos do país. Essa é a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que destaca a desaceleração da inflação, prevista para fechar o ano em 4,4%, dentro do teto da meta, como uma das mais importantes contribuições do setor para a vida da população.

“Acredito que neste ano o setor demonstrou grande contribuição na redução da inflação. Conseguimos diminuir em 6,18 pontos percentuais a inflação dos alimentos no domicílio”, afirmou Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, durante a apresentação do balanço do setor agropecuário em 2025 e as perspectivas para 2026, realizada nesta terça-feira (9), na sede da CNA.

O aumento da oferta de alimentos no mercado foi o principal fator do desempenho. O país alcançou sua maior produção de grãos, com 352 milhões de toneladas, e de carne bovina, com 12 milhões de toneladas, em 2025. Essa produtividade ajudou a reduzir o ritmo de alta nos preços dos alimentos para 2,7% no acumulado do ano e, apesar de outubro ter registrado o primeiro aumento (+0,01%) após cinco meses, foi o melhor resultado para o mês desde 2017.

Embora o setor tenha apresentado bons resultados, o campo brasileiro enfrentou muitos desafios neste ano. As sucessivas catástrofes climáticas e a política monetária restritiva do Banco Central elevaram os juros para os produtores rurais, que chegaram a um recorde de endividamento: 11,4%. Para agravar a situação, menos de 3 milhões de hectares contam com seguro rural, menos de 5% do total, o pior índice da série histórica.

Lucchi destaca que a entidade já está desenvolvendo soluções para o próximo ano. A meta é ampliar o orçamento da política pública de seguro rural para R$4 bilhões, protegendo-o contra cortes. Este ano, 42% dos R$1 bilhão destinados ao PSR foram contingenciados para que o governo atendesse ao arcabouço fiscal, sendo necessário abrir um crédito extraordinário de R$12 bilhões para renegociar dívidas de agricultores e pecuaristas. “Este é um investimento mais econômico para o governo e que também possibilita maior produção, com segurança para o produtor e para a população”, enfatizou o diretor.

Perspectivas 2026

Para o próximo ano, a entidade visualiza um cenário de incertezas. Por um lado, o clima pode colaborar, mas o endividamento, a dificuldade de acesso a crédito para investimentos nas lavouras e os desafios orçamentários serão os principais obstáculos internos. A preocupação da CNA é que, por se tratar de um ano eleitoral, o governo insista em fazer o ajuste fiscal por meio do aumento da arrecadação, o que pode pressionar o Banco Central a manter a taxa básica de juros elevada e, consequentemente, os custos de produção altos.

No comércio internacional, a previsão também é cautelosa, com alertas previstos. A tarifa imposta por Donald Trump ainda impacta 45% dos produtos agrícolas brasileiros exportados para os Estados Unidos, apesar das exceções anunciadas no final de novembro. Caso a sobretaxa permaneça, o prejuízo para o setor pode chegar a US$2,7 bilhões.

Além disso, países que firmaram acordos bilaterais com os EUA podem reduzir suas compras do Brasil. A maioria desses pactos inclui compromissos de adquirir produtos agropecuários norte-americanos, e a China, principal parceiro comercial do Brasil, está prestes a assinar um acordo semelhante. “Se tudo o que foi negociado pelos Estados Unidos realmente começar a ser implementado, isso será preocupante para as exportações agropecuárias brasileiras,” avalia Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.

Oportunidades

Uma das maiores oportunidades para 2026 é a concretização do acordo entre Mercosul e União Europeia. Quando finalizado no final do ano passado, a previsão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) era de um aumento de US$11 bilhões por ano, um crescimento de 2%.

No entanto, a Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu aprovou nesta semana mecanismos de salvaguarda para as importações agrícolas. O objetivo é proteger setores sensíveis do agro europeu diante de um possível aumento nas compras de alimentos estrangeiros, o que pode colocar o acordo em risco.

A abertura e a ampliação dos mercados continuam sendo encaradas como as melhores formas de garantir a rentabilidade do setor. Países na Ásia, América do Norte e África possuem grande potencial para que o Brasil torne-se menos dependente de grandes potências, como EUA, China e União Europeia.

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