Mais de 80% do rebanho bovino brasileiro é formado por zebuínos
O boi Zebu é um dos pilares da pecuária tropical, conhecido por sua adaptabilidade a climas quentes e úmidos, características que o tornaram uma escolha popular em diversas regiões do mundo, especialmente no Brasil.
O gado Zebu tem origem indiana e é facilmente reconhecida pelo seu porte robusto, pela presença de uma corcova no dorso e pelas orelhas largas e pendentes. O Zebu desempenha um papel central na produção de carne e leite, e suas subespécies têm características que se adaptam a diferentes ambientes e necessidades de manejo.
Origem e características do Zebu
A origem do Zebu remonta à Índia, onde a raça evoluiu para sobreviver a condições adversas de clima, incluindo calor extremo, pastagens de baixa qualidade e períodos de seca. As características mais marcantes da raça incluem a presença de uma corcova (ou cupim) sobre a região dos ombros, pele solta e pigmentada, que ajuda a suportar o calor intenso, e orelhas longas e pendentes, que favorecem a dissipação de calor.
Introduzidas no Brasil a partir do século XIX, as raças com genética zebuína promoveram o surgimento de uma pecuária de fato para as condições de criação brasileira. Por sua capacidade de adaptação e produção nos trópicos, os zebuínos representam mais de 80% do efetivo bovino nacional, sob a forma de animais puros ou cruzados, indica a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ).
Diversidade de subespécies e características
O Zebu não é uma raça única, mas sim um grupo que inclui diversas variedades. As mais conhecidas são o Nelore, o Gir, o Guzerá, o Brahman e o Sindi. Cada uma delas possui características específicas que as tornam ideais para diferentes tipos de produção:
- Nelore: é a subespécie mais criada no Brasil e destaca-se pela sua rusticidade, alta capacidade de adaptação e eficiência no ganho de peso, sendo a principal raça de corte do país. Possui pelagem clara e resistência ao calor.
- Gir: conhecido pela sua habilidade de produção leiteira, o Gir é muito utilizado em cruzamentos para a produção de leite. A raça tem pelagem vermelha ou manchada e é famosa pela docilidade.
- Brahman: de origem norte-americana, o Brahman é uma raça de corte que se destaca pela qualidade da carne e pela alta resistência a parasitas e doenças. É uma raça híbrida, criada a partir de várias linhagens de Zebu.
- Guzerá: é a raça mais antiga, com representação arqueológica milenar. Também é o zebuíno mais antigo na seleção genética brasileira. Os altivos chifres em lira são o símbolo dessa raça. É excelente para a produção de leite e carne, tanto em climas amenos quanto em quentes e secos.
- Sindi: originário do Paquistão é o gado perfeito para climas áridos, mas também com excelente desempenho em climas mais amenos. É uma raça bastante homogênea, especialmente caracterizada por suas pelagens de tons predominantemente vermelhos.
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Adaptação e resistência ao clima tropical
Uma das grandes vantagens do Zebu é sua capacidade de prosperar em regiões onde outras raças teriam dificuldades. Sua pele pigmentada e espessa reduz o risco de doenças dermatológicas, e a capacidade de suar mais do que outras raças facilita a termorregulação, tornando-o ideal para pastagens extensivas e áreas com pasto nativo de qualidade variável.
A habilidade de digerir alimentos fibrosos e de baixa qualidade permite que o Zebu ganhe peso mesmo em condições de pastagem adversas. No Brasil, o Zebu teve um papel fundamental na revolução da pecuária, graças ao desenvolvimento de programas de melhoramento genético que visam aumentar a produtividade e a qualidade da carne.
O cruzamento entre o Zebu e raças europeias, como Angus e Hereford, é amplamente utilizado para combinar a rusticidade do Zebu com a qualidade de carne marmorizada das raças europeias. Esses cruzamentos têm gerado animais com maior ganho de peso, melhor qualidade de carne e resistência adaptativa, aponta Embrapa Gado de Corte.
Importância econômica e produção
Os zebuínos são responsáveis por grande parte da produção de carne bovina no Brasil, país que é um dos maiores exportadores mundiais. Estima-se que cerca de 80% do rebanho brasileiro seja composto por raças zebuínas ou por seus cruzamentos. Além da carne, algumas subespécies, como o Gir, têm ganhado espaço na produção leiteira, principalmente em sistemas de produção sustentável, que valorizam a adaptação ao pasto e a eficiência alimentar
Apesar de ter se tornado a base da pecuária brasileira, o Zebu também é criado em outros países da América Latina, África e Estados Unidos. Em regiões onde a produção extensiva é comum, o Zebu se torna uma escolha natural devido à sua capacidade de suportar calor, escassez de água e forragem de baixa qualidade. A resistência do Zebu a doenças também contribui para a sua popularidade em países tropicais e subtropicais.
Por Luiz Eduardo Minervino