Em Boa Vista, é fácil perceber que a cidade foi projetada para crianças: basta seguir seus passos. Em várias praças da Capital da Primeira Infância há brinquedos em forma de araras, tucanos gigantes e outras peças lúdicas.
Essa mudança tem nome e trajetória. Iniciada em 2013 pelo Programa Família Que Acolhe (FQA), a iniciativa articula secretarias, profissionais e instituições com o objetivo de assegurar que cada criança tenha um começo de vida digno, saudável e feliz. O que começou como um projeto transformou-se em uma nova maneira de planejar e cuidar da cidade.
Foi desse modo que Ana Victória, aos 22 anos, percebeu que não enfrentaria a maternidade sozinha. Ao saber que estava grávida do pequeno Bernardo Matteo, hoje com 2 anos, ela foi encaminhada ao FQA por uma amiga da sogra. O marido, Rafael Rachidi, de 30 anos, acompanhou-a em todas as reuniões, inclusive nos momentos em que ela precisou ficar internada na maternidade.
“Recebi orientação e apoio durante a gestação, informações sobre vacinação, desenvolvimento infantil e até leite para o meu filho a partir do primeiro ano. Como mãe de primeira viagem, foi muito bom conversar com outras mães, algumas na mesma situação e outras com mais experiência. Isso me ajudou muito e foi essencial para que eu me sentisse mais segura e preparada para a maternidade”, contou.

Juntos pela Primeira Infância
Com o apoio de organizações como a Fundação Van Leer, AVSI Brasil e o projeto Urban95, Boa Vista passou a ser pensada na altura de crianças de até 95 centímetros. Intervenções urbanas com foco na Primeira Infância alcançaram bairros como Nova Cidade, Cidade Satélite e Paraviana, através do projeto Caminhos da Primeira Infância.

Até o transporte público foi adaptado, com paradas temáticas que unem funcionalidade e ludicidade. Mas a infância não ganhou espaço só nas ruas: as escolas e creches da rede municipal foram transformadas em ambientes coloridos, climatizados e bem equipados, para que aprender também seja brincar. Em Boa Vista, a infância não é apenas uma fase da vida — é prioridade de governo.

Um Comitê só para elas
No Comitê da Primeira Infância, criado para elas, 24 crianças, entre 6 e 11 anos, ajudam a pensar a cidade. Representando zonas urbanas, rurais e indígenas e vivendo realidades diversas, inclusive com deficiência, elas integram uma iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SEMADS) vinculada à Rede Latino-Americana – Cidade das Crianças. Reúnem-se a cada dois meses e mostram que a cidadania se aprende desde cedo.

“Boa Vista é reconhecida, nacional e internacionalmente, como referência no cuidado desde a gestação até os seis anos de idade. Ainda há muito a avançar, mas quando os primeiros passos são dados com um olhar atento à infância, o caminho se torna mais justo, mais leve e, acima de tudo, mais humano. Neste Dia das Crianças, desejo a todas as crianças um futuro cheio de oportunidades, afeto e esperança”, afirmou o prefeito Arthur Henrique.
