Banco Central ajusta projeção do PIB para 2% em 2025 e estima crescimento de apenas 1,5% em 2026

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Após a divulgação do PIB do segundo trimestre, no começo de setembro, que confirmou a desaceleração da economia brasileira, o Banco Central revisou para baixo suas projeções para 2025 e 2026. No Relatório de Política Monetária do terceiro trimestre, divulgado na última quinta-feira (25), a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 caiu de 2,1% para 2%. Para 2026, a previsão é ainda mais modesta, de apenas 1,5%.

De acordo com o BC, a atividade econômica deve continuar em ritmo moderado no segundo semestre deste ano e manter a tendência de desaceleração em 2026. A instituição indica como fatores de risco o impacto incerto das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, a continuidade da política monetária restritiva e a desaceleração da economia global. Por outro lado, ressalta projeções mais positivas para a agropecuária e a indústria extrativa em 2025, embora esse impulso não se repita no ano seguinte.

Inflação acima da meta

O relatório também manteve o alerta sobre o comportamento da inflação. A expectativa é que os índices permaneçam acima do centro da meta até 2026: 4,8% em 2025 e 4,3% em 2026. Somente no primeiro trimestre de 2027 a inflação deve convergir para 3,4%, aproximando-se do objetivo definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Endividamento em alta

A deterioração fiscal continua sendo um pano de fundo das previsões mais pessimistas. Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto Gastão Vidigal e da Associação Comercial de São Paulo, o governo Lula deve encerrar o mandato com um aumento expressivo da dívida pública.

“Quando o presidente Lula assumiu, o endividamento estava em torno de 70% do PIB. No próximo ano, ao deixar o cargo, a projeção é que essa dívida chegue entre 80% e 81% do PIB — um avanço de 11 pontos percentuais”, afirma.

Para ele, a trajetória é preocupante. “A situação fiscal do Brasil está muito ruim e o país está em uma rota de insolvência. Essa insolvência pode se manifestar de diferentes formas: o governo pode aumentar ainda mais a carga tributária — como já vem acontecendo; pode decretar um calote da dívida, em uma medida mais radical; ou pode recorrer à inflação para reduzir o valor real do passivo. Todas essas alternativas já foram testadas no Brasil e, no fim, nenhuma delas promoveu crescimento econômico sustentável.”

Continuidade da desaceleração

No começo de setembro, o IBGE divulgou que o PIB brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 em comparação ao trimestre anterior, alcançando R$ 3,2 trilhões em valores correntes. Apesar do resultado ter superado levemente as expectativas, reforçou a percepção de que a economia está perdendo ritmo. Serviços e consumo das famílias sustentaram o desempenho, mas investimentos e indústria continuam em retração.

Com a revisão do Banco Central, o cenário fica mais claro: o país deve finalizar 2025 com crescimento próximo de 2% e enfrentar um 2026 ainda mais fraco, pressionado por juros elevados, baixo investimento produtivo e aumento do risco fiscal.
 

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