Brasil encerra 2025 com despesas próximas a R$ 5 trilhões

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O Brasil finalizará 2025 com gastos públicos que chegam a quase R$5 trilhões em dezembro. O crescimento acelerado dos desembolsos governamentais ao longo do ano foi revelado pela plataforma Gasto Brasil, da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), desenvolvida em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de São Paulo (ACSP). De acordo com o economista André Galhardo, espera-se que os gastos continuem aumentando em 2026.

“Neste momento, não há nada que indique uma mudança na trajetória dos gastos que temos observado nos últimos anos”, afirma.

Galhardo aponta que o avanço do gasto público pode deixar o país sem margem para despesas discricionárias em 2027 – ou seja, recursos não obrigatórios destinados a custeio e investimento.

“Os riscos fiscais estão muito concentrados a partir de 2027, quando praticamente acaba o espaço para despesas discricionárias; esse é o problema. Isso gera insegurança e, consequentemente, exige uma taxa de juros um pouco mais alta”, destaca Galhardo.

Redução da capacidade de investimento

O valor trilionário alcançado até agora em 2025 demonstra a escalada das despesas da União, estados, municípios e do Distrito Federal, sinalizando que a Previdência Social sozinha já consumiu R$1,3 trilhão neste ano.

André Galhardo explica que o aumento dos gastos públicos resulta na diminuição da capacidade de investimento do Estado, afetando setores essenciais para o desenvolvimento econômico do país.

“Algumas despesas continuam crescendo em ritmo mais acelerado do que o permitido pelo arcabouço fiscal; esse é o grande risco fiscal que o Brasil enfrenta. Os gastos com previdência, por exemplo, avançam a um ritmo muito superior ao autorizado, ocupando o espaço que antes era reservado para outros tipos de despesas, como as discricionárias. De modo geral, essa aceleração pode reduzir a capacidade do Estado de investir”, analisa Galhardo.

O especialista avalia que a alta nos gastos governamentais colabora para um cenário econômico ineficiente e burocrático. “Sendo o Brasil um país tão carente de infraestrutura e de desenvolvimento em geral, que necessita desses investimentos, isso acaba comprometido. E permanecemos em um cenário de ineficiências e burocracias que não são resolvidas por falta de recursos.”

Quanto aos impactos para o setor produtivo, Galhardo comenta que o aumento do endividamento afeta a confiança dos investidores e desvaloriza o câmbio.

O vice-presidente Jurídico da CACB, Anderson Trautman, alerta que o crescimento do gasto público e da carga tributária pressionam o setor produtivo e impactam diretamente a geração de empregos.

“Isso tem imposto ao setor produtivo um ônus que, em algum momento, pode se tornar excessivo, inclusive para a manutenção dos negócios no Brasil. Essa possibilidade não está distante, e vários setores já têm sinalizado nessa direção”, ressalta Trautman.

Reforma administrativa

André Galhardo e Anderson Trautman defendem reformas administrativas para enfrentar a situação fiscal do país.

Trautman destaca que essas mudanças são fundamentais para garantir redução da carga tributária para o setor produtivo e resultados mais positivos em 2026.

“É urgente uma reforma administrativa que permita a diminuição do gasto público ou uma maior eficiência nos gastos para que possamos ter um alívio na carga tributária”, afirma.

Galhardo ressalta a necessidade de uma gestão mais eficaz. “Precisamos eliminar custos desnecessários, realizar uma reforma administrativa, talvez rever os gastos constitucionais. Tudo isso é politicamente muito complexo e não há indicações de mudanças no curto ou médio prazo, por exemplo.”

Gasto Brasil aumenta transparência dos gastos

A ferramenta Gasto Brasil busca ampliar a transparência das finanças públicas ao mostrar, em tempo real, os valores gastos pelo governo. Ela possibilita que cada cidadão acompanhe como os recursos públicos são aplicados.

Alfredo Cotait, presidente da CACB, destaca que o Gasto Brasil é um instrumento de transparência e monitoramento para a população. “Há 20 anos, criamos o Impostômetro, que é, na verdade, uma forma de mostrar à sociedade quanto pagamos em impostos. Agora, criamos o Gasto Brasil, uma ferramenta para que o público tenha conhecimento de onde e como estão sendo investidas as despesas da União, dos estados e municípios.”

A plataforma apresenta os gastos públicos primários no país, abrangendo o Governo Federal, governos estaduais (incluindo o Distrito Federal) e municipais. Também oferece informações sobre despesas com pessoal nos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública.

Tiago de Azevedo, presidente da Associação das Empresas de Pequeno Porte do Rio Grande do Sul (Microempa), destaca a importância da ferramenta para os pequenos empresários.

“A plataforma Gasto Brasil, nosso ‘gastômetro’, representa um avanço crucial na transparência pública, pois permite à sociedade acompanhar de forma clara e acessível como os recursos públicos são aplicados. Para o setor produtivo, especialmente para micro e pequenas empresas que representamos, essa transparência é fundamental, pois fortalece a confiança nas instituições e assegura um ambiente de negócios mais ético e previsível.”
 

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