Cruviana, Canaimé, Tepequém, Makunaima e diversos outros elementos da rica cultura ancestral de Roraima se reuniram nesta sexta-feira, 14. Com movimentos sutis, ao som de músicas regionais e instrumentais, o Balé Infantil do Teatro Municipal celebrou a essência e a mitologia amazônica no espetáculo “Abatan: Corpo, Terra e Lenda”, na sala Roraimeira.
O título da montagem vem da língua wapichana e significa ouvir, escutar, sentir. Dessa forma, cada gesto dos bailarinos traduz a fauna, a flora e a identidade da região. Segundo o presidente da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura, Dyego Monnzaho, o trabalho com os alunos é mais uma ferramenta das políticas públicas da Prefeitura de Boa Vista para fomentar cultura e arte.
“As aulas de balé e a vivência artística desenvolvem nesses jovens habilidades que vão além da formação como artistas, contribuindo também para sua transformação enquanto cidadãos. O balé traz disciplina, educação e contribui para a formação integral do indivíduo. Acreditamos que o resultado do espetáculo demonstra o amadurecimento dessa turma, que progride ano a ano e avança para novas etapas”, afirmou.
A produção teve direção-geral de Renato Barbosa. As professoras Aila Gama e Duda Azevedo assinam a direção artística e coreográfica. A montagem representa o encerramento de um ano de aprendizados, descobertas e oportunidades para os 16 bailarinos em cena, que entregaram ao público uma bela interpretação da mitologia amazônica.
“Encerrar 2025 com esta obra reafirma o compromisso com uma arte feita com propósito, sensibilidade e identidade local — um gesto de reconhecimento ao talento das crianças e ao poder transformador da dança na formação de uma nova geração de artistas, por meio de um projeto social tão bonito e impactante”, explicou a professora Duda Azevedo.
O processo criativo e a seleção do elenco partiram de um olhar atento ao desenvolvimento técnico e expressivo dos bailarinos ao longo do ano. Foram aulas semanais de uma hora e meia durante dois meses. No entanto, o espetáculo foi mais que uma simples apresentação de dança.
O livro “Histórias, Lendas e Mitos”, da escritora roraimense Cecy Lya Brasil, foi a principal referência e inspirou os estudos teóricos e as pesquisas coreográficas de toda a equipe. Assim, Abatan tornou-se uma verdadeira imersão tanto no campo da arte quanto na cultura ancestral.
Familiares lotaram a sala Roraimeira para prestigiar a apresentação, enchendo o espaço de aplausos, emoção e orgulho. Entre o público estava o servidor público Paulo Adriano, que trouxe toda a família para ver a filha — a bailarina Ana Alice, de 11 anos — tornando o momento ainda mais especial.
“Ficamos muito felizes por nossa filha ter a oportunidade de participar desse projeto da prefeitura, pois é uma forma dela se desenvolver plena e feliz. No mês passado ela fez outra apresentação aqui no teatro e estamos orgulhosos do desempenho dela. Ana está muito empolgada e vibramos com a felicidade dela”, contou.




