Nesta semana, a comunidade indígena Truaru da Cabeceira recebeu alevinos pelo projeto de piscicultura Moro-Morí. A ação da prefeitura inclui a escavação dos tanques e o fornecimento de equipamentos para o tratamento e monitoramento da água, registro biométrico dos peixes e ração durante todo o ciclo até a despesca, garantindo condições para que os moradores mantenham a produção.
O projeto atenderá as 17 comunidades indígenas, sendo 13 na região do Baixo São Marcos e 4 na região do Murupu. Na Truaru da Cabeceira, 24 famílias são beneficiadas e recebem capacitação e assistência técnica para interpretar tabelas de alimentação, definir horários e quantidades de ração, além de acompanhar as condições da água e o crescimento dos peixes.
A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Indígenas (SMAAI). A escavação dos tanques é realizada no verão, período ideal para preparar as estruturas e garantir que, no inverno, os reservatórios retenham a água.
Segundo o técnico da SMAAI responsável pelas comunidades indígenas, Ariosto Aparecido, a prefeitura disponibiliza insumos e equipamentos de manejo para a criação. “O diferencial é a participação direta das comunidades. Fornecemos alevinos e ração, promovendo aprendizado e autonomia. A meta é que, com o conhecimento adquirido, ampliem a produção e melhorem o acesso ao peixe, especialmente em locais mais distantes dos rios”, explicou.
Produção alimentar e qualidade de vida
Jucinei de Souza coordena o projeto de piscicultura na comunidade Truaru da Cabeceira, além de iniciativas voltadas a grãos e energia fotovoltaica. Segundo ele, o trabalho contribui para a autossustentabilidade econômica das famílias.
“Não temos rio por perto para pescar, e o projeto da prefeitura tem trazido muitos benefícios. Agradecemos, pois isso melhora nosso dia a dia. Podemos preparar o peixe de várias formas — cozido, frito, assado e até damorida, prato tradicional — e também vender e reinvestir na produção, criando um ciclo positivo”, ressaltou.
Petronilia Ângelo, 66 anos, é uma das beneficiadas e destaca a importância do Moro-Morí para ela e a família. “É fundamental para mim e para toda a comunidade. Não temos onde pescar, pois nosso terreno é pequeno. Um projeto assim é maravilhoso. Agradecemos à prefeitura por essa oportunidade”, comentou.
Moro Morí – O nome significa “peixe bom” em macuxi. A prefeitura executa o projeto desde a escavação do tanque de engorda (20 x 150 m) em cada comunidade atendida, fornecendo além dos alevinos, equipamentos como rede de arrasto, balança, kit reagente, conjunto motor-bomba e ração.
Cinco comunidades já realizaram a primeira despesca, retirando cerca de 2 toneladas de peixe por tanque. Quando todas as comunidades estiverem contempladas, a estimativa é de produzir 40 toneladas de tambaqui a cada dez meses, elevando a qualidade nutricional da alimentação e aumentando a renda das famílias envolvidas.
