A capacidade transformadora da arte ganhou projeção nacional com o reconhecimento do professor Claudinero Reis de Lima, da Escola Municipal Rujane Severiano dos Santos, vencedor na categoria Ensino Fundamental 1 do 26º Prêmio Arte na Escola Cidadã, o principal prêmio de arte-educação do país.
O projeto “Mandala Educativa: Educando com Arte” foi premiado por unir acolhimento, expressão e criatividade por meio da construção de mandalas com diversas técnicas — pintura, colagem, materiais naturais, recursos digitais e até mandalas humanas.
No dia 12 de novembro, Claudinero estará em São Paulo para receber oficialmente o certificado e o prêmio de R$ 10 mil, além de participar da gravação de um documentário sobre a iniciativa. Mais do que uma atividade artística, a proposta nasceu como uma forma de reconexão emocional na sala de aula, promovendo calma, atenção e cooperação entre os alunos.
Um círculo que acolhe e ensina
A “Mandala Educativa” surgiu para responder a uma necessidade concreta: melhorar o comportamento e o interesse dos alunos em uma turma considerada desafiadora. Inspirado por estudos sobre o simbolismo das mandalas e seu efeito na concentração e na organização interior, o professor criou um ambiente em que cada traço e cada cor se tornaram formas de escuta e expressão.

Ao longo de cinco encontros, os alunos confeccionaram mandalas com materiais variados — folhas, sementes, tintas, tablets e até com os próprios corpos. A culminância aconteceu na quadra da escola, com uma grande mandala coletiva e uma roda de conversa onde as crianças compartilharam aprendizagens e sentimentos.

Os resultados foram visíveis: alunos mais calmos, concentrados e mais conectados entre si. Segundo o professor, a prática artística ajudou a transformar o comportamento e fortalecer os vínculos na turma. “Os pais relatam que os filhos ficaram mais organizados e tranquilos em casa. Na escola, melhoraram a concentração e a coordenação motora. Além disso, nos aproximamos mais. Criamos um lindo senso de coletividade”, contou.
Claudinero também ressaltou o orgulho pela premiação. “É muito gratificante ver nosso trabalho reconhecido. Essa conquista mostra que estamos no caminho certo. O prêmio representa não só um incentivo financeiro, mas o reconhecimento de que a arte realmente transforma”, afirmou.
Aprendizado que faz diferença na rotina
Os alunos que participaram do projeto sentiram na prática o poder da arte como ferramenta de equilíbrio e expressão. Ayla Aragão, de 10 anos, relatou que a experiência a ajudou a lidar melhor com as emoções.

“Achei muito legal e foi uma forma fácil de ‘desestressar’. A gente aprende a demonstrar sentimentos nas mandalas e a ficar mais tranquilo. Antes a turma era bem bagunceira, mas com o projeto nos tornamos mais calmos e unidos”, contou.

Para Adriel Aires, 11 anos, a mandala trouxe leveza e novas amizades. “A gente se diverte desenhando. Quando pinta, parece que tudo fica bem. O que mais gostei foi a mandala humana, porque brincamos com os colegas e todo mundo ficou junto. Quem se sentia sozinho ganhou muitos amigos”, disse.

Yuliannys Veliz, 11 anos, descobriu um novo prazer em criar e pintar. “Adorei fazer a mandala humana. Ficou linda vista de cima. Desde que comecei a pintar mandalas, melhorei muito: pinto com mais calma. Quando fico chateada, faço uma em casa e isso me acalma”, comentou.
O reconhecimento nacional da arte-educação
O Prêmio Arte na Escola Cidadã chega à sua 26ª edição e é o principal reconhecimento brasileiro direcionado a projetos de arte desenvolvidos em escolas públicas e privadas. Criado em parceria com a UNESCO, o prêmio valoriza educadores que empregam a arte como instrumento de transformação social e pedagógica.
Além do certificado e da premiação de R$ 10 mil, os arte-educadores vencedores têm seus projetos registrados em um documentário produzido pelo Instituto Arte na Escola, com exibição em todo o país.