A indústria brasileira iniciou o segundo semestre em um cenário de estabilidade. É o que indicam os indicadores industriais de julho, divulgados nesta terça-feira (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A única exceção foi a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que recuou 0,4% em relação a junho, reforçando a tendência de queda observada desde abril de 2024.
De acordo com a CNI, a trajetória negativa da UCI evidencia o impacto da política monetária restritiva sobre a indústria. Mesmo assim, no acumulado de janeiro a julho, os indicadores apresentaram crescimento em relação ao ano anterior. O faturamento real avançou 5,1%, as horas trabalhadas cresceram 2,5% e o emprego subiu 2,3%.
O faturamento real registrou aumento de 0,4% em julho, interrompendo a sequência de quedas do primeiro semestre. Ainda assim, o indicador acumula retração de 1,3% em comparação a julho de 2024. O número de horas trabalhadas permaneceu estável (+0,1%), mas apresentou alta acumulada de 2,5% em relação a 2024.
Já o índice de emprego industrial avançou apenas 0,2% em relação a junho, mas cresceu 2,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, o mercado de trabalho continua aquecido, com taxas de desocupação cada vez menores.
“Isso tem exercido pressão sobre os rendimentos dos trabalhadores, o que acontece na economia como um todo. No caso da indústria de transformação, a pesquisa indica que o emprego tem apresentado estabilidade já há alguns meses, sugerindo que possa estar começando um desaquecimento do mercado de trabalho no setor”, explica. Entre junho e julho, a massa salarial e o rendimento médio real também mostraram variações mínimas, de 0,1% e 0,3%, respectivamente.
Para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, a indústria brasileira continua operando em nível elevado, apesar das medidas restritivas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e da atual taxa de juros definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
“A taxa real de juros está muito alta. Isso tem penalizado empresas e famílias. Em geral, podemos observar uma queda na taxa de juros a partir de dezembro, o que pode contribuir para uma retomada, ainda que gradual, da produção e das vendas da indústria no Brasil”, avalia Galhardo.
Capacidade instalada em redução
O dado mais negativo do levantamento foi a UCI, que caiu para 78,2% em julho, 1,6% abaixo do registrado no mesmo mês de 2024. Desde abril do ano passado, quando atingiu 79,7%, o indicador segue em trajetória descendente.
Segundo a CNI, esse movimento reflete os efeitos da política monetária restritiva, que limita crédito e demanda, reduzindo, consequentemente, o ritmo da atividade industrial. “Desde que a UCI atingiu o seu ponto máximo nos últimos dois anos, em abril de 2024, o indicador tem mostrado uma queda gradual, que também está alinhada com o desempenho da indústria a partir do segundo semestre de 2024, que vem apresentando resultados um pouco mais fracos”, informa Nocko.
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