Aporte de R$ 16 milhões vindo de investidora permitiu construção de nova fábrica, ponto de vendas, e-commerce e sistema de rastreabilidade
O chocolate amazônico tem conquistado espaço no mercado brasileiro tanto pelo sabor diferenciado quanto pelo compromisso com a sustentabilidade visto por trás da produção do cacau utilizado na sua composição. Muito além de um simples ingrediente, o cacau nativo representa hoje uma ferramenta de conservação ambiental, geração de renda e valorização das culturas tradicionais.
Um exemplo desse movimento é o Chocolate de Mendes, do Pará, que produz chocolates premium artesanais, a partir do fruto coletado por ribeirinhos, extrativistas e povos indígenas, em parceria com povos como os Yanomami, os ribeirinhos do Rio Purus, e comunidades quilombolas do Acará.
“São mais de 70 comunidades impactadas com nosso projeto de produção. Desde a capacitação das famílias e povo ribeirinho, passando por fornecimento de assistência técnica até, por fim, a barra de cacau e comercialização”, afirma Renan Tanzillo, diretor financeiro e de marketing da Chocolates de Mendes – marca que a partir deste mês, ganha novo nome, rebatizada como Mágio Chocolates.
Renan explica que a reformulação da marca chega em um momento em que a Chocolates De Mendes reestrutura sua atuação para expandir os negócios. “Nosso objetivo é levar os produtos amazônicos, resultado desse terroir único, ao mais público consumidor, que está no Sudeste”, diz.
Para isso, a empresa estabeleceu parceria com a venture builder CBKK, investidora voltada para impulsionamento de negócios sustentáveis. Até o final deste ano, serão aportados um total de R$ 16 milhões. De acordo com Marcelo Tucci, CEO da CBKK, R$ 10 milhões foram destinados à produção da fábrica na cidade de São Paulo, aplicativo de rastreabilidade de processos, e-commerce e primeiro ponto de vendas físico da marca. Outros R$ 6 milhões serão investidos para marketing voltado para público final e abertura de pontos de venda.
“Com a nova fábrica, teremos capacidade de produção aumentada em oito vezes. Então, além do negócio nacional, ainda temos expectativa de ampliar a exportação da amêndoa e produtos num prazo de cinco anos. Hoje, exportamos para a França, que atua como um hub de distribuição na Europa. Pretendemos ampliar o volume para eles e também abrir espaço em novos países”, afirma Tucci.
Os executivos não abrem o volume produzido atualmente, mas estão otimistas com a procura dos consumidores por produtos sustentáveis e com sabores exóticos. “Também coletamos cupuaçu e incluímos nas receitas artesanais, feitas com amêndoa integral do cacau, nada de leite e nenhum aditivo artificial”, conta Tanzillo.
A Mágio Chocolates ganhará novos rótulos, para expandir o leque de opções para a diversidade de consumidores. Já o ponto de venda, foi pensado com uma loja atrelada a um café, com um menu para apreciação no local.
Por Maria Emília Zampieri