Parceria de empresa da Malásia com startup brasileira lança solução para extrair óleo de palma
A tecnologia de ressonância magnética criada pela startup brasileira FIT (Fine Instrument Technology), em parceria com a Embrapa Instrumentação, se juntou a uma plataforma de inteligência artificial da Airei, empresa de tecnologia da Malásia. Ambas as soluções integram a cadeia da extração de dendê, e juntas, as empresas prometem reduzir riscos na operação e tornar o processo mais sustentável.
Todos os dados do SpecFit obtidos pela ressonância magnética passaram a alimentar o algoritmo de inteligência artificial “My Palm” da empresa, originária do segundo maior país extrator de óleo de palma, responsável por produzir 26% ou 19,71 milhões de toneladas de óleo, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Antes disponível somente para as empresas do sudeste asiático, a plataforma tem caminho aberto às extratoras de óleo de palma da América Latina a partir desta segunda-feira (18/11), quando foi assinado o contrato entre as empresas.
Para a implementação da tecnologia na América Latina, serão investidos R$ 500 mil pelas empresas para fazer a integração da tecnologia e o marketing. Em junho de 2025 será feita uma avaliação para um novo aporte no segundo semestre.
O faturamento projetado é de R$ 1 milhão em 2025 e o dobro desse valor em 2026, somente gerado pelo MyPalm, “o que é alto, considerando que é uma tecnologia nova”, disse Daniel Consalter, CEO da FIT.
No continente americano, a Colômbia é a quarta maior produtora de óleo, responsável por 2% do total global, ou 1,9 milhão de toneladas. Já o Brasil produz 585 mil toneladas por ano de óleo e ocupa a 10ª colocação, segundo o USDA.
A maior parte da produção nacional está no Pará, onde estão as principais indústrias de processamento de cachos de dendê para extração de óleo de palma. Atualmente, a área destinada ao cultivo de dendê no Brasil é de 300 mil hectares.
A FIT tem 45% das extratoras da América Latina. “Sabemos que é importante levar a inovação onde ela ainda não chegou”, afirma Lucas Topp, gerente de operações da FIT. Para Consalter, a colaboração vai facilitar a entrada da MyPalm no mercado latino-americano.
O CEO explica que as extratoras terão um controle mais preciso do processo de extração do óleo. “Será uma produção mais limpa, sustentável e com redução de mão de obra em etapas que trazem risco ao trabalhador”.
Um dos principais gargalos do setor são os frutos verdes e outros maduros colhidos juntos, o que dificulta a padronização da colheita. Com visão computacional, o MyPalm identifica com alta precisão o percentual de frutos verdes, passados, maduros e a presença de talos nos cachos de palma. Essa classificação determina a melhor sequência para o processo de esterilização. Com o SpecFIT, a tecnologia agrega novas informações para medir a qualidade do fruto recebido e das perdas.
“Há sinergia entre a MyPalm e o equipamento de ressonância magnética da FIT. São tecnologias complementares que possibilitarão um impulsionamento à inovação direcionada aos extratores de óleo de palma”, avalia, Surendran Kuranadan, CEO da AIREI.
Por Marcos Fantin