A 11ª Mostra de Educação Especial e Educação Bilíngue da Rede Municipal de Ensino teve início com uma programação pautada pela sensibilidade e pela valorização do protagonismo dos estudantes com deficiência. Na Escola Municipal Jael da Silva Barradas foram exibidos projetos, vivências e atividades pedagógicas desenvolvidas ao longo do ano letivo, com ênfase em temas como inclusão e sustentabilidade.
A exposição funciona como um espaço de troca de práticas pedagógicas, dando visibilidade ao trabalho de professores e profissionais comprometidos com a inclusão. O evento se estende até 12 de novembro em diversas escolas da capital, reunindo experiências bem-sucedidas de docentes e alunos da rede.
Nesta edição, cerca de 100 trabalhos serão mostrados em diferentes unidades escolares, tanto na capital quanto em escolas da zona rural e indígenas.
Inovação e sensibilidade: o projeto “Personalizar”
Na Escola Jael Barradas, que hoje atende 35 alunos com deficiência por meio dos Atendimentos Educacionais Especializados (AEE), a inclusão é conduzida com atenção e finalidade clara.
O destaque vai para o projeto “Personalizar”, implementado na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da escola. Idealizado pelas professoras Fátima Vieira e Luane Costa, o projeto visa promover a inclusão considerando os interesses e as habilidades individuais das crianças, com atenção especial às que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Baseado em princípios da neurociência educacional, o projeto identifica os hiperfocos dos alunos — isto é, os temas que despertam maior interesse e atenção — e, a partir deles, desenvolve atividades pedagógicas individualizadas, como jogos, dramatizações e a criação de livros autorais.
“Temos, em média, 30 alunos autistas. Observamos que muitos não se engajavam como esperávamos. Por isso, começamos a partir dos interesses específicos de cada um. Houve crianças que produziram livros, desenharam em computador, moldaram personagens em massinha e até digitarem suas narrativas. Esse envolvimento tem sido crucial para o avanço na alfabetização e na leitura”, explicou Fátima Vieira, professora de Educação Especial.
Inclusão que transforma
A gerente de Educação Especial da rede, Ana Paula Pinheiro, enfatizou que a Mostra é um momento de celebração dos resultados. “É uma oportunidade para mostrar experiências bem-sucedidas desenvolvidas ao longo do ano e reforçar o protagonismo dos nossos alunos. Contamos com projetos dedicados à alfabetização, à autonomia e à convivência, com o suporte das famílias. Essa articulação entre escola e comunidade é fundamental para consolidar a aprendizagem e expandir o processo de inclusão”, afirmou.
Ana Paula também salientou que os profissionais da rede participam de formações contínuas, com troca de experiências e oficinas práticas, o que vem fortalecendo a atuação nas Salas de Recursos Multifuncionais, presentes em 84 escolas municipais.
Atualmente, Boa Vista atende 3 mil alunos público-alvo da Educação Especial, sendo 2.405 diagnosticados com autismo. O município dispõe ainda de unidades especializadas, como o Centro de Transtorno do Espectro Autista (CETEA) e o Centro Municipal Integrado de Educação Especial (CMIEE), que oferecem atendimento multiprofissional e apoio às famílias.
Protagonismo e resultados reais
Entre os alunos atendidos pela escola está Pedro Henrique, de 8 anos, que tem autismo e, por meio do projeto Personalizar, criou o livro “O Mundo dos Dinossauros”. A mãe, Priscila Bittencourth, relatou que a atividade foi determinante para o desenvolvimento do filho.
“O projeto fez toda a diferença para o Pedro. Ele adquiriu mais confiança, melhorou consideravelmente a leitura e começou a socializar mais com os colegas. Antes fazia tudo à sua maneira; hoje aprendeu a escutar, esperar a vez e compartilhar ideias. É um progresso enorme, tanto na escola quanto em casa”, contou a mãe.




